AdaptaBrasil na COP30: “Adaptação é um processo de longo prazo”

Coordenador científico do AdaptaBrasil, Jean Ometto, participou de uma mesa redonda sobre adaptação e soluções baseadas na natureza na Casa da Ciência do MCTI
AdaptaBrasil na COP30

Desde o dia 11 de novembro, Belém (PA) virou a capital mundial do clima. Entre os diversos palcos de debates climáticos na cidade-sede da COP30 está a Casa da Ciência do MCTI, um espaço de divulgação científica com foco em soluções climáticas e sustentabilidade, que também funciona como um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade.

No dia 17 de novembro, a casa recebeu a mesa redonda “Adaptações às Mudanças Climáticas – Soluções baseadas na natureza”, que reuniu pesquisadores de diversas instituições para discutir os maiores desafios da adaptação climática e soluções baseadas na natureza que podem ser aplicadas.

Jean Ometto, pesquisador do INPE e coordenador científico do AdaptaBrasil, integrou a mesa ao lado de Ayan Santos Fleischmann (Instituto Mamirauá), Fernanda Werneck (INPA), Everaldo Souza (UFPA) e Arnaldo Carneiro (OTCA), com moderação de Marlucia Martins (Museu Emílio Goeldi).

Em sua fala, Ometto destacou que, para orientar ações de adaptação, é preciso identificar e mapear riscos climáticos. “Compreender a que riscos os sistemas territoriais estão submetidos é um dos desafios centrais da adaptação”, afirmou, destacando que esse processo é mais complexo que a mitigação.

Além disso, ele ressaltou que a adaptação exige análises detalhadas sobre exposição, vulnerabilidade e impactos potenciais, considerando tanto as projeções climáticas quanto as características socioeconômicas de cada território. “Dados de censo, levantamentos populacionais e informações estruturais são cruciais”, apontou, lembrando que eventos climáticos tendem a afetar com mais intensidade populações vulnerabilizadas, o que reforça a necessidade de integrar justiça climática ao planejamento.

Uma plataforma para decisões territoriais

Depois de delinear o contexto, o pesquisador apresentou o AdaptaBrasil e contou que a ferramenta consolida informações de diferentes setores como saúde, infraestrutura, biodiversidade, recursos hídricos e produção de alimentos, permitindo uma visão transversal dos riscos. “A plataforma não propõe soluções fechadas, mas oferece as condições para debater, com base em mapeamentos claros, quais respostas são mais adequadas, incluindo soluções baseadas na natureza”, explicou.

Ele também destacou que o AdaptaBrasil opera em escala municipal e avança para prover mais detalhes dentro dos municípios (escala intramunicipal), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, por meio do projeto AdaptaCidades. “Adaptação acontece no território, com a comunidade. A população do país é 80% urbana, e isso precisa estar na estratégia”, reforçou.

Por fim, Ometto lembrou que o tempo da adaptação exige mudança de perspectiva. “Para qualquer investimento em adaptação, a resposta não vem ‘amanhã de manhã’. Adaptação é um processo de longo prazo. Mais do que soluções técnicas, trata-se do resgate da nossa relação com a natureza”, afirmou.

Com a plataforma já operacional e integrada à agenda do MCTI na COP30, o AdaptaBrasil se consolida como instrumento estratégico para apoiar gestores públicos na tomada de decisão, no monitoramento contínuo do risco climático e na construção de soluções que fortaleçam a resiliência do território brasileiro.