“90% dos municípios do Brasil têm alguma área sob risco climático”, diz pesquisador do INPE

Lincoln Alves explica quais são os fatores que compõem o risco climático e revela que apenas 7% dos municípios brasileiros têm alguma legislação ou instrumento de gestão voltado à mitigação/adaptação
lincoln alves

Lincoln Alves, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e um dos criadores do AdaptaBrasil MCTI, participou do programa Análise da Notícia, do UOL.

Em entrevista aos jornalistas José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar, Lincoln falou sobre a vulnerabilidade climática dos municípios brasileiros, analisou os diversos impactos climáticos que afetam diferentes regiões do país e destacou a importância de uma gestão integrada para lidar com os efeitos da crise climática. 

Além disso, o pesquisador do INPE também lembrou que é essencial que haja uma comunicação eficaz e de políticas adaptativas para mitigar esses riscos, especialmente em um cenário em que eventos climáticos extremos tendem a ser cada vez mais intensos e frequentes.

A seguir, compartilhamos os principais destaques dessa conversa. Você pode assisti-la na íntegra aqui.

o risco climático e os municípios brasileiros

O risco climático e os municípios brasileiros

Logo no início da entrevista, Lincoln explica que o risco climático é determinado a partir de uma composição de fatores.

“Por exemplo, uma cidade construída em uma planície de inundação é inevitável que mais cedo ou mais tarde se torne exposta a um risco de uma enchente. Mas há também o aspecto da vulnerabilidade, ou seja, o grau de suscetibilidade de uma cidade, uma comunidade, frente a essas ameaças. Isso também depende de outros fatores como infraestrutura e capacidade econômica, social, disponibilidade de recursos para preparação frente aos desastres. Então, a combinação desses fatores é o que determina o risco climático”, aponta.

Além disso, ele lembra que a vulnerabilidade também depende de fatores como infraestrutura, capacidade econômica, social e disponibilidade de recursos para preparação frente aos desastres. 

Preparação, mitigação e adaptação: a tríade de ação do poder público 

Nesse contexto, o pesquisador do INPE enfatiza a importância de o poder público se preparar e destinar recursos para mitigar o impacto dos desastres.

No que diz respeito à preparação, porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido. 

“[De todos os 5.570 municípios brasileiros] apenas 7% – ou seja, 390 – têm alguma legislação ou instrumento de gestão voltado à mitigação ou adaptação da mudança do clima”, lamenta.

Outro ponto levantado por Lincoln é a necessidade de se ter um planejamento estruturado para lidar com desastres como o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. “Não basta só alertar [as vítimas sobre a importância de deixarem áreas de risco], é preciso direcioná-las para determinados locais. Elas precisam saber para onde vão, precisam saber que lá vão ter segurança, alimentação e tudo que necessitam”, explica. 

Por fim, o pesquisador ressalta que essa gestão complexa requer uma coordenação eficaz entre os diferentes níveis de governo. “Em geral, o desastre acontece no nível local. Portanto, não basta ter só uma esfera governamental federal. Todas as instâncias – governo federal, estadual e local – devem trabalhar de forma integrada, porque não adianta ter uma política nacional se ela não chega a quem de fato vai ser impactado, que é a população dentro das cidades”, concluiu.

A plataforma AdaptaBrasil

A plataforma AdaptaBrasil MCTI foi criada para ajudar gestores públicos a enfrentar esses desafios.

No AdaptaBrasil, é possível visualizar o risco climático, integrando ameaças climáticas, exposição e vulnerabilidade para diferentes setores estratégicos da sociedade. O mapa da plataforma identifica e alerta populações vulneráveis às mudanças climáticas no Brasil, representando um desafio significativo devido à diversidade geográfica, socioeconômica e cultural.

Para saber mais sobre os riscos climáticos e acessar a plataforma AdaptaBrasil, visite sistema.adaptabrasil.mcti.gov.br.