Glossário
Ameaça Climática: Eventos climáticos extremos com intensidade e/ou duração além do que seria considerado normal dentro da variabilidade climática de um em determinado sistema socioecológico (GALLOPÍN, 2006). Incluem-se chuvas intensas, secas prolongadas, ondas de calor, ressacas, ciclones, furacões, etc. Os eventos extremos podem gerar perdas e danos significativos para a sociedade e para os ecossistemas.
Capacidade adaptativa: Habilidade do sistema socioecológico de se preparar e se ajustar as alterações climáticas ou danos climáticos potenciais, visando diminuir os impactos negativos, aproveitar as oportunidades ou responder às suas consequências (GALLOPÍN, 2003, 2006; ADGER, 2006; IPCC, 2014).
Cenário climático: Representação plausível do clima futuro, construída para uso explícito na investigação dos impactos das mudanças climáticas decorrentes das atividades humanas. Cenários climáticos são construídos a partir de projeções climáticas (descrições de respostas dos modelos climáticos a diferentes concentrações de gases de efeito estufa e aerossóis) combinadas com os dados climáticos observados (IPCC, 2014). O AdaptaBrasil MCTI usa dois cenários climáticos: otimista e pessimista. Os mesmos estão associados aos cenários RCP 4.5 e RCP 8.5, respectivamente, usados nas avaliações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês).
Chuvas intensas: Chuvas intensas são consideradas ameaças climáticas quando sua frequência e duração causam enchentes, inundações e deslizamentos de terra, por exemplo, provocando efeitos negativos no sistema socioecológico, tais como danos materiais, mortes de pessoas e animais, e perdas de safra pelo excesso de água, nas áreas sujeitas à acumulação e passagem temporária das águas superficiais (MARENGO, 2008).
Composição: Conjunto de índices ou indicadores usados diretamente no cálculo do índice ou indicador selecionado. Por exemplo, para o tema Recursos Hídricos, o Índice de Risco de Impacto para a Seca usa os índices de Vulnerabilidade, Exposição e Ameaça Climática na sua composição.
Eventos climáticos extremos: Eventos que resultam em alterações no funcionamento normal de uma comunidade ou sociedade, afetando seu cotidiano. Essa modificação abrupta envolve, simultaneamente, perdas materiais e econômicas, assim como danos ao ambiente e à saúde das populações, por meio de agravos e doenças que podem causar mortes imediatas e posteriores. Os eventos climáticos extremos são geralmente classificados como de origem hidrológica (inundações bruscas e graduais, alagamentos, enchentes e deslizamentos); geológicos ou geofísicos (processos erosivos, de movimentação de massa e deslizamentos resultantes de processos geológicos ou fenômenos geofísicos); meteorológicos (raios, ciclones tropicais e extratropicais, tornados e vendavais); e climatológicos (estiagem e seca, queimadas e incêndios florestais, chuvas de granizo, geadas e ondas de frio e de calor) (OCS, 2009a).
Exposição: No AdaptaBrasil MCTI, representa o grau, duração e/ou extensão do contato entre o sistema socioecológico e a ameaça climática, ou seja, é um conceito que relaciona o ambiente de análise e a componente climática. A exposição a uma ameaça climática particular pode existir independentemente da vulnerabilidade que o sistema socioecológico apresenta (GALLOPÍN, 2003; KASPERSON et al., 2005; ADGER, 2006, IPCC, 2014).
Fatores Influenciadores: No AdaptaBrasil MCTI, refere-se à contribuição, em percentual, dos indicadores simples na composição do índice ou indicador selecionado. Alguns indicadores simples podem estar relacionados à tomada de decisão e políticas públicas, com o objetivo de reduzir o impacto das mudanças climáticas na temática selecionada. Por exemplo, para o tema Segurança Alimentar, o Índice de Exposição possui como Fatores Influenciadores Agropecuária e fatores biofísicos e População exposta e estrutura fundiária. Cada indicador simples possuem um percentual de contribuição específico. Note que os demais municípios compartilham os mesmos fatores influenciadores para este índice, porém, cada um com suas próprias porcentagens.
Indicador: Ferramenta que permite obter informações quantificáveis sobre uma dada realidade (MITCHELL, 1996) - um serviço, um insumo, um resultado, uma característica ou o desempenho de um produto, processo ou organização, gerando informações úteis à tomada de decisões (OCS, 2009b). Pode ser um dado individual ou um agregado de informações (MUELLER et al., 1997). No AdaptaBrasil MCTI, os indicadores simples referem-se a informações diretamente obtidas do mundo real, sendo muitos deles passíveis de intervenções através da implementação de políticas públicas. Os indicadores compostos integram informações de diferentes fontes.
Índice: Valor agregado final de todo um procedimento de cálculo que inclui indicadores entre as variáveis o compõem (SICHE; ORTEGA, 2005). Um índice combina informações não comparáveis entre si. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo, é composto a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB per capita (como um indicador do padrão de vida) coletados em nível nacional. No AdaptaBrasil MCTI, os índices de risco de impacto são uma composição a partir de três outros índices: Vulnerabilidade, Exposição e Ameaça Climática. O Índice de Risco de Impacto para a Seca é um exemplo para o tema Recursos Hídricos.
IPCC: Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (em inglês, Intergovernmental Panel on Climate Change) é o órgão da ONU responsável por consolidar e comunicar os conhecimentos científicos relativos às mudanças climáticas. O IPCC elabora Relatórios de Avaliação (AR). O AdaptaBrasil MCTI segue definições metodológicas definidos no AR5.
RCPs: Caminhos de Concentração Representativos (Representative Concentration Pathways, em inglês). Usado no Quinto e Sexto Relatórios de Avaliação (AR5 e AR6) do IPCC, referem-se às séries temporais de emissões e concentrações dos gases de efeito de estufa (GEE), aerossóis e gases quimicamente ativos, bem como uso e cobertura do solo. A palavra representativo significa que cada RCP oferece apenas um de muitos cenários possíveis que levariam a caraterísticas específicas do forçamento radiativo. O termo caminho enfatiza que não só os níveis de concentração a longo prazo são de interesse, mas também a trajetória tomada ao longo do tempo para alcançar esse resultado. Os RCPs geralmente se referem aos caminhos de concentração que se estendem até 2100, para os quais os Modelos de Avaliação Integrada produzem cenários de emissões correspondentes (IPCC, 2014). Para o AdaptaBrasil MCTI, foram selecionados os cenários RCP 4.5 (cenário otimista) e RCP 8.5 (cenário pessimista). RCP 4.5 é um caminho de estabilização intermediário em que o forçamento radiativo está estabilizado a aproximadamente 4,5W/m2 e 6,0W/m2 após 2100 (IPCC, 2014). RCP 8.5 é um caminho elevado para cada forçamento radiativo e superior a 8,5 W/m2 em 2100 e continua a aumentar durante algum tempo (IPCC, 2014).
Recorte: Área geográfica cujos resultados de um determinado índice ou indicador serão visualizados. O menor recorte possível é a unidade federativa, enquanto que o maior recorte possível é todo o território brasileiro. Também estão disponíveis recortes por região geopolítica e por região estratégica.
Recursos Hídricos: Águas superficiais e subterrâneas disponíveis para uso humano direto. Considerando os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997a), o acesso à água pela população deve ter um custo acessível e em quantidade e qualidade aceitáveis para a manutenção da sua subsistência, bem-estar e desenvolvimento socioeconômico, devendo ser considerado pelo planejamento da oferta e do uso da água (UNU/INWEH, 2013; ANA, 2019).
Resolução: Nível de agregação dos índices e indicadores da plataforma. O nível mais desagregado é o municipal, usado no desenvolvimento de todos os indicadores e índices disponíveis na plataforma. As demais resoluções disponíveis incluem microrregião, mesorregião, estado e região. Nestes casos, os resultados exibidos são médias simples dos municípios que compõem cada objeto geográfico. Por exemplo, para uma resolução por estado, o valor de um determinado indicador será a média deste indicador para todos os municípios daquele estado.
Risco de impacto: Resultado da interação entre as ameaças climáticas, a exposição dos sistemas socioecológicos a elas e a vulnerabilidade desses sistemas. O risco diz respeito às consequências que podem ocorrer em determinado ambiente exposto e o quanto o resultado é incerto. É comumente representado como a probabilidade de ocorrência de um evento (perigo) multiplicada pelos impactos por ele causados (IPCC, 2014). Pela própria característica multidisciplinar dos impactos, cada a metodologia de avaliação do risco não somente considera as variáveis relacionadas ao clima, mas também os déficits estruturais que a própria vulnerabilidade forma, como, por exemplo, aspectos relacionados à educação, à saúde, à habitação, acesso às políticas públicas etc.
Seca: Período prolongado - uma estação, um ano ou vários anos - de precipitação deficiente, em comparação à média estatística histórica para uma região. Ela resulta em escassez de água para alguma atividade, grupo ou setor ambiental. A seca é considerada uma ameaça climática (FAO/NDMC, 2008).
Segurança Alimentar: Realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Esta segurança tem como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (BRASIL, 2006; IPCC, 2014).
Segurança Energética: Oferta e disponibilidade de serviços energéticos a todo momento, em quantidade suficiente e a preços acessíveis (BRASIL, 1997; IEA, 2005). No contexto do AdaptaBrasil MCTI, considera-se também um ambiente comercial que promova a eficiência, a sustentabilidade, a utilização de fontes limpas e modernas, e que sejam capazes de mitigar os efeitos dos eventos extremos.
Sensibilidade: Grau em que um sistema socioecológico é afetado, adversamente ou beneficamente, por efeitos relacionados ao clima, de forma direta ou indireta. A sensibilidade é uma propriedade inerente a um sistema socioecológico, existente antes da ameaça climática e independente (separada) da exposição (IPCC, 2001; GALLOPÍN, 2003).
Sistema Socioecológico: Sistema que incorpora dimensões sociais (humanas) e ecológicas (biofísicas) em interação mútua (GALLOPÍN, 1991). Pode ser estabelecido em qualquer escala, desde a comunidade local e seu ambiente circundante até a global, envolvendo todo o planeta. (GALLOPÍN, 2006). No AdaptaBrasil MCTI, o sistema socioecológico considera todo o território brasileiro, levando em conta os aspectos sociais e ecológicos mais relevantes para cada temática (Recursos Hídricos, Segurança Alimentar e Segurança Energética) e os riscos de impacto em situações de Seca e Chuva.
Vulnerabilidade: Na temática das mudanças climáticas, trata-se da suscetibilidade potencial a danos, para uma mudança ou uma transformação do sistema socioecológico em análise, quando confrontado com uma determinada ameaça climática, e não o resultado desse confronto. A vulnerabilidade é considerada como específica para cada ameaça climática que afeta um determinado sistema socioecológico. Em outras palavras, um sistema socioecológico pode ser vulnerável a certos distúrbios e não a outros. Além disso, a vulnerabilidade está vinculada às situações de sensibilidade e capacidade adaptativa do sistema socioecológico em análise (GALLOPÍN, 2006).