AdaptaBrasil e CNI realizam capacitação sobre riscos climáticos para a indústria

O AdaptaBrasil realizou no dia 3 de dezembro de 2024 a primeira edição de um curso de capacitação para representantes do setor industrial brasileiro. Desenvolvido em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o treinamento reuniu 30 participantes de diversas organizações e demonstrou o potencial da plataforma como ferramenta de planejamento para adaptação climática.
O curso foi customizado para atender às demandas específicas do setor industrial, combinando aspectos conceituais sobre mudanças climáticas com demonstrações práticas da plataforma.
“As mudanças climáticas vão impactar a estrutura das cidades, a estrutura social, de produção, e também a infraestrutura. Então, é muito importante que as indústrias olhem para a questão de mudanças climáticas de uma forma bastante cuidadosa e incorporem essa questão dentro do planejamento”, reflete Jean Ometto, pesquisador do INPE e coordenador científico do AdaptaBrasil.
Rafaela Freitas, analista de Políticas e Indústria da CNI, comenta que a iniciativa representa um passo importante na integração entre ciência e setor produtivo. Além disso, ela acrescenta que “é essencial [para a indústria] ter esse conhecimento técnico sobre riscos climáticos que possibilite uma tomada de decisão pelas empresas”,
Segundo Francineli Angeli, líder do projeto de capacitação do AdaptaBrasil, foram abordados temas como:
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Mudanças climáticas a nível global e nacional relacionadas ao aumento das temperaturas e emissões de gases de efeito estufa;
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Eventos extremos que estão cada vez mais intensos e frequentes;
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Como a indústria tem sido impactada por esses eventos; e
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Como planejar as adaptações na indústria e na cadeia de valor.
Ela destaca ainda que a capacitação abordou aspectos técnicos e práticos do AdaptaBrasil. “Os participantes foram muito receptivos e entusiasmados quanto às informações obtidas, tanto da parte teórica como da prática”, conta.
“Esta capacitação busca fortalecer a resiliência da indústria nacional por meio de evidências científicas sistematizadas em escala municipal, contribuindo para um planejamento das operações e dos investimentos com base em informações sobre o risco climático nos territórios de atuação das indústrias”, analisa Sávio Túlio Oselieri Raeder, Diretor do Departamento de Políticas e Programas de Ciências do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Capacitação e colaboração para endereçar os desafios do setor
A primeira turma do curso sobre riscos climáticos para a indústria contou com representantes de organizações como ABIMAQ, Petrobras, Shell Brasil, Suzano, Usiminas, entre outras empresas e federações estaduais da indústria. Como o número de interessados superou o de vagas disponíveis, AdaptaBrasil e CNI já estão planejando novas turmas para 2025.
Além da capacitação, a parceria entre CNI, MCTI e INPE também abre caminho para futuros desenvolvimentos. “A gente viu a importância da CNI trabalhar em conjunto com o MCTI e o INPE no aprimoramento do AdaptaBrasil. A ideia é que a gente traga as perspectivas da indústria para a plataforma”, revela Rafaela.
Um dos principais desafios identificados é a complexidade da cadeia de valor industrial. Como explica a analista de Políticas e Indústria da CNI, “uma mesma indústria pode estar inserida em diversas regiões do Brasil, já que a matéria-prima pode vir de um município, a produção ocorrer em outro, e o produto ser escoado para um terceiro”.
Jean também destaca a importância do olhar atento para a cadeia de valor do setor. “A indústria têxtil, por exemplo, tem uma cadeia produtiva muito longa, então é relevante que as indústrias olhem para o cálculo de risco que as suas operações estão sujeitas com relação às mudanças climáticas”, pontua.
Para ele, essa interação também representa uma oportunidade de evolução para a própria plataforma. “É um processo de troca. Nesse momento, o que a plataforma pode oferecer é a análise que foi feita a nível país, dentro do país como um todo, com esse corte municipal. E isso, por si só, já é uma informação muito importante para as empresas”, conclui.