Desastres Geo-hidrológicos
Os eventos climáticos extremos têm se intensificado devido às mudanças climáticas e a vulnerabilidade da população aumenta, com o simultâneo aumento populacional e a ocupação de áreas de risco (IPCC, 2022). Os desastres são definidos como uma grave perturbação do funcionamento de uma comunidade ou de uma sociedade envolvendo perdas humanas, materiais, econômicas ou ambientais de grande extensão, cuja mitigação de seus impactos excedem a capacidade da comunidade ou da sociedade afetada de arcar com seus próprios recursos (UN-ISDR, 2009; Tominaga et al., 2009).
O termo geo-hidrológico refere-se a eventos tanto de origem geodinâmica (movimentos de massa como: os deslizamentos, fluxos de detrito, queda e rolamentos de blocos), quanto os eventos de origem hidrológica (inundações, enxurradas, alagamentos e secas) (Cemaden et al., 2022). Tradicionalmente, o entendimento do desastre geo-hidrológico tem sido relacionado desconsiderando a seca, devido a que o tipo de ameaça - precipitação intensa e/ou duradoura - tem relação com todos os demais efeitos físicos decorrentes supracitados, exceto com a seca. Portanto, o AdaptaBrasil seguiu essa mesma linha de raciocinio. De todos modos, o Desastre Geo–hidrológico trata-se de um evento em si, e que pode estar relacionado a diferentes recortes de Setores Estratégicos, tais como, Cidades, Infraestrutura e Segurança Hídrica. Contudo, dada à sua transversalidade, o AdaptaBrasil adotou esse risco/desastre como um Setor Estratégico específico com foco para as populações urbanas.
Cabe ressaltar que eventos geo-hidrológicos são processos naturais, porém podem ser acelerados pela ocupação e atividade humana. A presença humana nos locais susceptíveis a esses eventos resultam em danos materiais e humanos (Cemaden et al., 2022). A quantidade de eventos neste Setor está diretamente relacionada com a quantidade de intersecções de áreas de risco e de pessoas e infraestruturas expostas nestas áreas de risco. Por outro lado, fatores de vulnerabilidade da população situada nesses locais, nas suas dimensões de sensibilidade e capacidades adapativa (IPCC, 2022), aumentam ainda mais o risco desse tipo de desastre (GVCES, 2013). Os desastres geo-hidrológicos têm se relacionado cada vez mais com as mudanças climáticas (Marengo et al., 2020) e estão entre os desastres naturais mais frequentemente registrados pelo Cemaden, segundo boletins divulgados pelo Cemaden (Cemaden, 2021).
O cálculo dos Índices de Risco para inundações, enxurradas e alagamentos; e para deslizamento de terra consideram as três dimensões do risco: Ameaça Climática; Exposição; e Vulnerabilidade, que por sua vez é composta pela Capacidade Adaptativa e pela Sensibilidade. A Ameaça Climática nesse caso deve ser analisada como uma Ameaça geo-hidrológica, em que perturbações climáticas devem ser integradas com características de terreno, como tipo de solo, relevo (incluindo declividade), altitude e capacidade de o terreno absorver ou acumular água (Debartoli et al., 2017; Roy et al., 2021).
Acesse a página do AdaptaBrasil com os Índices e Indicadores de Desastres Geo-hidrológicos para os impactos de Inundações, enxurradas e alagamentos e Deslizamento de terra.
Referências
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Anuário da sala de situação do CEMADEN, 2017 / Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. - Vol.1, n.1 (2019). São José dos Campos: CEMADEN, 2019.
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 08/10/2021. . São José dos Campos, SP: [s.n.], 2021. Disponível em: <http://www2.cemaden.gov.br/boletim-de-impactos-de-extremos-de-origem-hidro-geo-climatico-em-atividades-estrategicas-para-o-brasil-08102021/>.
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); Defesa Civil Brasil; Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI); Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR)l. Aspectos técnicos dos extremos geo-hidrológicos no país e as diferenças regionais. São José dos Campos, SP: [s.n.]. 2022. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/7682>.
Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCES). Diagnóstico preliminar das principais informações sobre projeções climáticas e socioeconômicas, imapctos e vulnerabilidades em trabalhos e projetos dos atores mapeados. . São Paulo, SP: [s.n.], 2013. Disponível em: <https://repositorio.fgv.br/items/c1460911-26ec-4fc8-b75d-a6cfc711b270>.
Debartoli, N. S. e colab. An index of Brazil’s vulnerability to expected increases in natural flash flooding and landslide disasters in the context of climate change. Natural Hazards Hazards, v. 86, p. 557–582, 2017.
Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Climate Change: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Contribution of Working Group II to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [H.-O. Pörtner, D.C. Roberts, M. Tignor, E.S. Poloczanska, K. Mintenbeck, A. Alegría, M. Craig, S. Langsdorf, S. Löschke, V. Möller, A. Okem, B. Rama (eds.)]. Cambridge University Press. Cambridge University Press, Cambridge, UK and New York, NY, USA, 2022, 3056 p.
MARENGO J A. et al. Changing trends in rainfall extremes in the Metropolitan Area of São Paulo: causes and impacts. Front. Clim., Aug. 2020.
Roy, B. e colab. Integrated flood risk assessment of the arial khan river under changing climate using ipcc AR 5 risk framework. Journal of Water and Climate Change, v. 12, n. 7, p. 3421–3447, 2021.
Tominaga, L. K.; Santoro, J.; Amaral, R. Desastes naturais: conhecer para prevenir. São Paulo, SP: Instituto Geológico - Governo de São Paulo, 2009. Disponível em: <https://arquivo.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2016/12/DesastresNaturai…;.
UN-ISDR - International Strategy for Disaster Reduction. 2009. Terminology on Disaster Risk Reduction. Disponível em http://www.unisdr.org. Acesso em agosto de 2009.