AdaptaBrasil MCTI tem artigo publicado em revista da Sociedade Brasileira de Computação

Publicação saiu na 50ª edição da revista Computação Brasil, que destacou artigos que retratam uma amostra de esforços nacionais no combate às mudanças climáticas.
foto de solo seco com rachaduras
Imagem de solo rachado destacada no início do artigo do AdptaBrasil na revista (Foto: Divulgação)

O AdaptaBrasil MCTI foi contemplado com a publicação de um artigo produzido sobre a plataforma na 50ª edição da revista Computação Brasil, lançada no último mês de julho, da Sociedade Brasileira de Computação.

A revista é a publicação jornalística da entidade e nela são abordados temas relacionados à tecnologia da informação, ensino superior em computação e informática, sociedade da informação e políticas públicas para o setor de informática, contemplando assuntos para toda a comunidade acadêmica.

Publicada com periodicidade quadrismestral, esta edição em específico destacou artigos que retratam uma amostra de esforços nacionais relativas a tecnologias ditigais para o meio ambiente.

O artigo completo, produzido por Pedro R. Andrade, Jean P. H. B. Ometto, Lincoln M. Alves, Gustavo F. B. Arcoverde e Peter M. Toledo, pode ser lido na íntegra abaixo e também em https://www.sbc.org.br/documentos-da-sbc/send/235-computacao-brasil/145… (para acessar o link é necessário copiar o mesmo e colar no navegador, infelizmente existe algum problema operacional que não permite que o link seja acessado diretamente).

Confira:

AdaptaBrasil MCTI: Uma plataforma para análise de impactos das mudanças climáticas no Brasil

As mudanças climáticas podem afastar o Brasil do desenvolvimento sustentável ao criar mais dificuldades para lidar com as enormes heterogeneidades socioeconômicas e biofísicas que já representam grandes desafios para o país. A complexidade das mudanças climáticas exige escolhas, estabelecimento de prioridades e negociação de soluções entre diferentes atores. Esforços consideráveis têm sido feitos com o objetivo de aproximar a pesquisa científica do clima aos tomadores de decisão [9, 10].

Para se obter melhores resultados sociais, é necessário considerar informações sobre mudanças climáticas nas políticas públicas e na tomada de decisões [7]. Nesse contexto, o INPE lidera o desenvolvimento da plataforma AdaptaBrasil MCTI (https://adaptabrasil.mcti.gov.br/). Esta plataforma consolida, integra e dissemina informações robustas de forma centralizada e de fácil acesso sobre o risco de impacto das mudanças climáticas no Brasil.

O AdaptaBrasil MCTI conecta organizações que trabalham com questões relacionadas ao clima em todo o Brasil, abrangendo diferenças regionais e temáticas. O objetivo final da plataforma é apoiar os setores público e privado no planejamento e implementação de políticas e ações de adaptação às mudanças climáticas.

Um conceito fundamental na plataforma é o de risco climático, definido através da integração das dimensões de vulnerabilidade, exposição e a ameaça climática, considerando sistemas sociais e naturais, a partir de um recorte temático de impacto potencial denominado setor estratégico [12].

O risco climático é analisado para o tempo presente e dois tempos futuros, as décadas de 2030 e 2050, com base em dois cenários de mudanças climáticas da Quinta Avaliação do IPCC. O AdaptaBrasil MCTI considera variáveis e indicadores que reforçam a chance de impacto climático, sendo construídos de acordo com a literatura científica usando uma abordagem colaborativa, com a participação de especialistas de diferentes instituições.

O AdaptaBrasil MCTI integra diferentes fontes de dados, como resultados de simulações de modelos climáticos, dados extraídos de sensoriamento remoto e pesquisas de campo. Para cada setor estratégico, as informações seguem uma estrutura hierárquica, na qual os indicadores na base são extraídos diretamente do mundo real ou do resultado de simulações.

 Os níveis intermediários são representados por indicadores sintéticos resultantes de composições temáticas. O topo da hierarquia contém o índice de risco de impacto, consolidando todas as informações relevantes para uma determinada temática. A plataforma disponibiliza todas estas informações, de forma que o usuário possa investigar quais indicadores podem afetar significativamente o risco de impacto para qualquer município brasileiro. Esta transparência garante uma maior credibilidade aos indicadores produzidos, além de proporcionar uma maior conscientização e compreensão para a sociedade de como aspectos climáticos e não climáticos estão inter-relacionados na composição de riscos climáticos.

O desenvolvimento do AdaptaBrasil ocorre de forma colaborativa através das equipes científica e tecnológica. A equipe científica é responsável por produzir os índices e indicadores para os Setores Estratégicos. Estas informações são elaboradas por cientistas e desenvolvedores da equipe regular do AdaptaBrasil MCTI juntamente com as equipes de instituições parceiras.

Os índices e indicadores são então consolidados através de uma ou mais etapas colaborativas, onde são convidados especialistas, partes interessadas e usuários finais. No início do desenvolvimento da plataforma, a equipe tecnológica liderou uma oficina de Design Sprint e vários ciclos de experiência do usuário, juntamente com pesquisadores, tomadores de decisão, representantes da sociedade civil e a equipe científica do projeto, para reunir usuários na definição dos principais conceitos e funcionalidades da plataforma.

A interface entre ciência e tecnologia no desenvolvimento do AdaptaBrasil MCTI ajuda a comunicar adequadamente todo o conhecimento científico produzido pela plataforma aos usuários finais.

O AdaptaBrasil MCTI é desenvolvido pelo INPE, em colaboração com a Rede Nacional de Pesquisa e Ensino (RNP), a Rede Brasileira de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Atualmente estão disponíveis na plataforma indicadores de risco de impacto em recursos hídricos, segurança alimentar, segurança energética, infraestrutura portuária e saúde. As informações são apresentadas para os 5.570 municípios brasileiros, bem como outras representações territoriais.

A plataforma possui dezenas de pesquisadores, bolsistas e consultores envolvidos diretamente no seu desenvolvimento. Novas análises e indicadores serão incorporados, refinados e estendidos a outros setores estratégicos ao longo do tempo.

Referências:

1. Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), 2021: Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change (Masson-Delmotte, V., P. Zhai, et al., eds.). Cambridge and New York, Cambridge University Press.

2. Santos et al., 2020. Future rainfall and temperature changes in Brazil under global warming levels of 1.5ºC, 2ºC and 4ºC. Sustainability in Debate - Brasília, 11(3): 57–90.

3. Marengo et al., 2018. Changes in Climate and Land Use Over the Amazon Region: Current and Future Variability and Trends. Front. Earth Sci., 6:228.

4. Jimenez et al., 2021. The role of ENSO flavours and TNA on recent droughts over Amazon forests and the Northeast Brazil region. Int J Climatol; 41: 3761– 3780.

5. Nobre et al., 2016. Some Characteristics and Impacts of the Drought and Water Crisis in Southeastern Brazil during 2014 and 2015. J. water resource prot., 8, 252–262.

6. Dalagnol et al. 2021. Extreme rainfall and its impacts in the Brazilian Minas Gerais state in January 2020: Can we blame climate change? Climate Resilience and Sustainability, 00, 1–15.

7. Coutinho et al. 2020. The Nexus+ approach applied to studies of Impacts, vulnerability and adaptation to climate change in Brazil. Sustainability in Debate - Brasília, 11(3): 5–7.

8. Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), 2015. Adapting to the impacts of climate change - Policy Perspectives.

9. Gutiérrez et al., 2014. Drought preparedness in Brazil. Weather. Clim. Extremes, 3, 95–106.

10. Nicolletti et al. 2020. Integrating social learning into climate change adaptation public policy cycle: Building upon from experiences in Brazil and the United Kingdom. Environ. Dev., 33.

11. Nardo et al., 2008. Handbook on constructing composite indicators: methodology and user guide. Paris, Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD).

12. AR5 - Intergovernmental Panel on Climate Change. (2014). Climate Change 2014 – Impacts, Adaptation and Vulnerability: Part A: Global and Sectoral Aspects: Working Group II Contribution to the IPCC Fifth Assessment Report. Cambridge: Cambridge University Press.